Técnicas colocam o estudante como protagonista de sua aprendizagem. Conheça alguns exemplos
A metodologia de ensino é um elemento crucial no processo pedagógico. Isso porque ela direciona o planejamento, as estratégias e as atividades educativas. Durante décadas, a aula expositiva foi a principal ferramenta adotada. Mas a evolução da pedagogia trouxe novas possibilidades de trabalho no ambiente escolar. Entre elas, estão as metodologias ativas.
Ao serem adotadas pelos docentes, essas metodologias podem proporcionar um maior engajamento dos estudantes. Além disso, elas levam a uma aprendizagem com significado.
Neste texto, vamos falar sobre essas metodologias, a importância de sua adoção e seus principais tipos.
O que são as metodologias ativas
As metodologias ativas são técnicas pedagógicas que colocam o estudante no centro do processo de aprendizagem. Ele assume o papel de protagonista na construção de seu conhecimento.
Com a adoção dessas metodologias, o educador passa a ser o mediador do processo, não o fornecedor de informações.
Como sujeito da sua aprendizagem, o estudante deve pensar, criar, estabelecer relações, construir e argumentar. Dessa forma, além do conhecimento cognitivo, são desenvolvidas outras habilidades e competências socioemocionais. Entre elas, podemos mencionar a empatia, a colaboração, a criatividade, a comunicação e o pensamento crítico.
Elas se contrapõem ao modelo convencional de aprendizado, no qual o estudante tem uma postura passiva, em que apenas recebe conhecimentos transmitidos pelo educador. Esse modelo tradicional é mais conteudista, focado em fornecimento de informações, muitas vezes sem mostrar aplicações práticas do que está sendo ensinado.
Essas metodologias podem ser adotadas com as tradicionais?
Sim: é possível mesclar metodologias tradicionais e ativas no processo de aprendizagem.
Natália Alonso, gestora de Projetos Educacionais da BEĨ Educação, enfatiza que as escolas, em sua maioria, não aderiram em sua totalidade às metodologias ativas. Dessa forma, segue a gestora, elas ainda aplicam os principais temas em uma perspectiva conteudista.
“O ensino tradicional tem uma sequência didática diferente de um estudo de caso, por exemplo”, afirma Natália.
No entanto, a gestora alerta que a disrupção deve ser trabalhada com cuidado. “Aqueles que estão habituados com o ‘passo a passo’ do ensino tradicional podem não conseguir fazer a imersão completa em um aprendizado autônomo do qual são protagonistas”, afirma.
“O professor pode introduzir algumas práticas ao longo das aulas, como, por exemplo, rotação por estações e uso de diferentes tecnologias”, diz Natália. Além disso, ela cita a possibilidade de personalizar o ensino com diversas possibilidades de apresentar um mesmo tema.
Alguns exemplos de metodologias ativas
Entre as principais metodologias ativas estão a aprendizagem baseada em problemas, a aprendizagem baseada em projetos, o estudo de caso, o uso da abordagem do design thinking na construção de projetos, a sala de aula invertida e a instrução entre pares. Em comum, elas propõem a aprendizagem significativa e a conexão da escola com a vida.
Natália Alonso explicou em mais detalhes aquelas que avalia como mais expressivos e que são os mais usados. Confira abaixo.
1. Sala de aula invertida
Ao adotar essa técnica, o educador adianta aos estudantes quais temas deve abordar nas próximas aulas e pede que façam pesquisas em casa. Dessa maneira, quando o conteúdo for abordado, a turma já terá conhecimentos prévios.
“De maneira mais reducionista, ela é vista como assistir vídeos antes e realizar atividades presenciais depois”, diz Natália. Mas ela destaca que a inversão tem um alcance maior quando é combinada com algumas dimensões da personalização ou individualização, como a autonomia e a flexibilidade.
Assim, a gestora afirma que se trata de uma estratégia ativa e um modelo híbrido, que otimiza o tempo da aprendizagem e do educador. “O conhecimento básico fica a cargo do aluno, com a curadoria do professor, e os estágios mais avançados têm interferência do professor e também um forte componente grupal”, destaca.
2. Aprendizagem baseada em projetos
A gestora de Projetos Educacionais da BEĨ Educação explica que essa é uma metodologia em que os alunos se envolvem com tarefas e desafios para resolver um problema ou desenvolver um projeto que tenha ligação com sua vida fora da sala de aula.
No processo, eles lidam com questões interdisciplinares, tomam decisões e agem sozinhos e em equipe. Por meio dos projetos, são trabalhadas também as habilidades de pensamento crítico e criativo, afirma.
3. Aprendizagem baseada em investigação e problemas
Por meio dessa técnica, explica Natália, os estudantes desenvolvem a habilidade de levantar questões e problemas e procuram, individualmente e em grupo, interpretações coerentes e soluções possíveis.
O processo todo conta com a orientação dos educadores. E, para buscar interpretações e soluções, os estudantes usam métodos indutivos e dedutivos.
Os educadores precisam de formação para usar metodologias ativas?
Na avaliação de Natália Alonso, “a capacitação dos professores é essencial no processo de virada de chave para as metodologias ativas”.
Ela explica que a maioria dos docentes aprendeu por meio do ensino tradicional. Além disso, boa parte dos atuais docentes teve muita dificuldade em entender qual é a melhor maneira para os estudantes aprenderem.
“É essencial, portanto, que os professores possam não somente realizar trocas em momentos síncronos, mas também conhecer novas ferramentas, digitais e analógicas, para que possam replicá-las com seus alunos”, avalia Natália.
Além disso, essa capacitação contribui para que as metodologias ativas deixem de ser um tabu. Também faz com que não sejam vistas como “práticas muito disruptivas, elitistas ou que exijam recursos em demasia”.
A partir de tal capacitação, os educadores podem compreender que as metodologias ativas são acessíveis a todos, de acordo com o diagnóstico de cada turma.
Qual a importância de adotar metodologias ativas
As metodologias ativas são uma importante ferramenta para proporcionar um aprendizado significativo para o estudante. Com elas, ele se torna protagonista do seu próprio aprendizado.
“O professor passa a ser mediador desse processo, fornecendo ferramentas, de modo a tornar o ensino personalizado, alcançando as diferentes formas de aprender do aluno”, afirma Natália.
Já o estudante consegue enxergar sentido nas atividades escolares e conectar conceito e prática à sua própria realidade. Isso acontece, por exemplo, quando, ao contextualizar o tema de um projeto, consegue aprender temas relevantes para a sala de aula, que pode aplicar em seu dia a dia, diz Natália. “Outras vantagens são o desenvolvimento de competências para além do âmbito escolar e a característica interdisciplinar”, afirma.
Por entender a importância de tais metodologias, a BEĨ Educação contempla, ao longo de seus materiais, diversas maneiras de trabalhar com elas.
Natália Alonso lembra que as coleções trazem temáticas contextualizadas, de modo que podem ser trabalhadas de maneira trans e interdisciplinar e que se conectam à realidade do estudante.
Outro ponto citado pela especialista é que os materiais da BEĨ Educação oferecem ferramentas diagnósticas, avaliativas e dinâmicas de imersão.
“A característica que mais chama a atenção é a confecção de um projeto coletivo, cujos protagonistas são os próprios alunos, mediados pelo professor, que estará apto a aplicá-lo de maneira aprofundada a partir das formações de que vai participar”, explica a gestora.
“O ensino por projetos aproxima o aluno do contexto em que vive, pois a primeira etapa conta com um diagnóstico e uma temática relevante escolhida pelos próprios alunos, que vão definir desde o orçamento até o plano de ação”, finaliza ela.
O protagonismo do estudante proporcionado pelas metodologias ativas é preconizado na Base Nacional Comum Curricular. Conheça em outro texto as competências gerais previstas na BNCC.
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